Saturday, July 11, 2009

Emaranhado

Antes de ler clique em http://www.freewebs.com/julianohollivier/03 Leona Lewis - Homeless.mp3


Realidade versus Virtua Monde.
Atrás da janela d´alma, na internet,
criamos alguém que talvez não exista,
ou somente então em nossa imaginária mente.

Vejo há alguns dias, rosas.
Vejo também o rosto da carência, do estar sozinho, do carinho.
Imagino alí um porto, um jardim, um mar,
de possibilidades, de curiosidade, de trocas.

A câmera aproxima a marca tatuada.
São rosas, como disse, que contornam o corpo despreparado.
Despreparado para o abandono, para a recusa, para o despreparo alheio.
Elas se entrelaçam num emaranhado de sofrimento, dor,
numa linha contínua que comprova a vontade de sobreviver, de vencer, feliz,
aprendendo mesmo que sozinho a traçar seu caminho.

Do lado de cá, na mistura dos pré-históricos de vida,
o medo surge delicadamente como se pintado junto àquela body art.
Se confunde aos espinhos do desenho, às imagens ainda não comprovadas.
Aguarda confuso ao encontro real, ao cair da cortina.
Espera a confirmação da personagem idealizada numa mente carente.

Assim como as rosas, que se iniciam nos arredores do passado
indo em direção ao coração, a vontade cresce com a química, ainda virtual,
de esmorecer naquele peito repleto, ao que parece, de calor, de amor e afago.

A fotografia conquista, mostra os lábios
tão belos como a imagem digitalizada à minha frente.
A conversa surpreende, confirmando nosso interesse
um no outro, um do outro, um com o outro.

Mas o medo persiste, fazendo-me questionar o por quê, o de quê.
Tentativas de resposta, especulações no passado
e mais uma vez me pego pensando na tatuagem, nas costas e no peito.
Concluo que a insegurança é fruto da impossível materialização
de tudo o que desejo, de tudo o que espero como perfeito.

Sei que isso não existe e que o que me cabe
é imaginar, criar, expectar mais uma vez e se assim continuar
me decepcionar, ou não, quem sabe?
Porém que a possibilidade existe não posso negar.

Talvez a continuação daquela marca na pele
possa ser feita com minha contribuição.
Talvez possa aproximar as rosas do lado esquerdo de seu corpo,
talvez possa preencher meu mar, meu jardim, meu porto.

A realidade que se dane,
Mas preciso fazer o que se tem a fazer,
Virtual ou real já me restam poucos ou muitos paradigmas, não sei.
Então que o anjo possa se instaurar aqui, agora!

Juliano Hollivier - São Paulo

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