Wednesday, October 20, 2010

Red Sea

Azul profundo é o que me vêm à mente
quando a sêca e a aridez começam a tomar conta.
O azul cobalto de um Mar chamado Vermelho
de um país onde o que prevalesce é o calor, a secura e a beleza velada.

Caminhe comigo cheio de incertezas,
com um pouco de medo sobre a vida,
suando muito pelos quase 50 graus e embebido pela areia cansada do Sahara.
Vá se aproximando da falésia, pisando curiosamente no chão dourado.

À beira do precipício olhe e observe
as águas salgadas daquele mar de oásis.
Desça comigo pelas fendas na encosta,
tropeços e esbarrões ribanceira abaixo.

Lá embaixo seguindo por um deck de madeira
que leva a uns 10 metros da orla
veja também os peixes coloridos nadando calmamente,
e sinta que está sendo controlado
por uma imensurável vontade de mergulhar.
Agora feche os olhos e salte.

Abro os olhos e vejo o azul que me envolveu a alma,
às vezes misturado a um verde lindo, profundo,
me percebo parte daquele oceano milenar,
Junto as mãos num formato de lança
e me lanço mais ao fundo.
Olho em volta e os peixes me acompanham,
vermelhos, verdes-fluorescentes, alaranjados, amarelos, pinks e listados.
Lindos eles nadam ao meu lado até que de repente
lá longe uma arraia surge
me deixando mais grato ainda por aquela experiência.

A vontade era de não sair mais dalí.
Foi uma entrega total, onde todo o azul daquele mar
me envolvia perfeitamente, me dava retorno
com a infinita beleza de cores, me fazia pleno
de sensações fantásticas, de felicidade e fantasia.
O medo passara, as incertezas se transformaram em fatos consumados.
Não sabia mais o que era sonho, se era mar, se era céu,
se era real toda aquela imersão de sentimentos.

Com o corpo molhado sobe ao deck, retorne à orla
e junto comigo, sincronizadamente, olhemos mais uma vez
à tudo aquilo que, por minutos, foi parte de você, de mim.
Sente o mesmo que eu sinto?

Aquele é o mar mais maravilhoso que admirei,
este foi o mergulho mais perfeito e completo que fiz.
E o azul, ah o azul, às vezes misturado ao verde, profundos;
com toda a certeza é o azul mais belo que pude tocar.

Hoje, a milhares de kilômetros de distância de lá,
pude novamente submergir na imaginação.
Porque conheci os olhos mais belos que já vi um dia.
Olhos que me fizeram afundar novamente num azul
de sensações profundas, tornando este alguém o
próprio Mar Vermelho do Egito, a própria água
tão necessária que me envolveu aquele dia.

Seus olhos são réplica do que mais belo vivi na vida!

Juliano Hollivier - São Paulo