Tuesday, January 11, 2005

Pulo do Gato

Quando eu digo que a imersão é foda, boa e dá prazer,
não é ao vento que jogo as palavras, e sim ao borro de um carimbo
chamado poema, pra que se registre o gozo gostoso da felicidade
e sirva de ilustração àqueles que sentem sede de viver.

Eis que a mancha voltava a aparecer
na paleta de cores que dá forma à vida,
quando o bufão da sorte trouxe um outro presente,
que deu nuance mais uma vez à mistura em prazer.

Falo de uma noite planejada e valiosa,
vivida na intensa alegria da novidade, da oportunidade que é nova,
e chama a atenção até do sépio sentimento escondido,
Beijo bom, beijo tempo, beijo horas, muitas horas, beijo o beijo.

Falo de algumas outras noites e também dias
pincelados de tesão e admiração, de encontro consigo mesmo,
sombreados com duas entregas de flores mais o gosto do abraço.
Que abraço, braço que te abraça, gato muito Gato.

Falo de um brilho, de uma certa prata que valoriza o olhar,
que tomou toda a minha calma e fez recíproca minha prova.
De um ponto iluminado sobre a sobrancelha que emoldura o olho gato.
Gato, muito gato, que olha no olho lindo pra se apaixonar.

Falo de uma pinta que brinca aos beijos na ponta do olfato.
De um medo sim, por perder talvez tudo aquilo que ainda nem era nosso.
De uma febre velada e curada pela companhia doce e carinhosa
que sem preocupações sobre o depois galgava alí apenas meu bem-estar.

Eis que a vida tinge outra possibilidade e eu,
que não sou tolo em não aproveitá-la trato de pintar mais um quadro,
com o Gato em tema exposto, e levo-o junto a mim rumo à tentativa de felicidade.
Bem-sucedida a viagem que só fez aumentar o tesão da alegria.

Em telas e mais telas, folhas e carimbos
poemas vão dando forma à busca de mim mesmo,
e esse gato, tema exposto neste quadro, muito Gato
parece estar prestes a dar seu pulo.

Será o pulo do Gato?

Juliano Hollivier

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