Friday, December 02, 2005

Meu Dom

Ah, minha gêmea, minha alma,
meu orgulho, meu desfrute.
Tenho em ti um seguro, um porto,
onde aporto meu amor, meus amores,
meu carinho, minhas dores.
E por ti, em si só, quero sempre
surpreender, superar, cair e levantar,
Enfeitar o mundo com seus sonhos,
nossos sonhos, nossa amizade.
E fazer reluzir o meu Dom, o dom de te amar sempre.

Juliano Hollivier

Friday, August 12, 2005

... E o anjo caiu!

A noite corria agitada enquanto teclava com várias pessoas pelo computador. Queria sair logo pois tinha um encontro marcado. Eram dois amigos virtuais e outro que nunca havia visto alí. Falávamos todos sobre superficialidades: festas, points interessantes da noite ou o que se teria de bom pra fazer aquela noite. Achei intrigante algumas coisas ditas pelo tal novo 'amigo', cujo apelido era Anjo. Ao mesmo tempo em que falava coisas desconexas às vezes digitava outras muito sérias. A última que li foi "E o que faria se tudo acabasse?". Li aquilo e não entendi, não dei atenção, estava sem tempo Me preocupava o atraso ao encontro então não respondi à frase do Anjo. Desconectei e saí....em busca de algo fútil!

Horas e mais horas são gastas em tentativas sem sucesso de um entendimento, de um bálsamo qualquer que ilumine os cantos. As asas já não levantam vôo, já não transportam a paz, nem a alegria. O manto não cobre nada a não ser o corpo, vazio. Num toque a mensagem é enviada, e noutro ignorada. E essa indiferença, mesmo que despretenciosa, confirmam o esmo. Tão logo segue-se o trajeto ao peito que pára, o caminho certo ao vôo sem asas. E indo se vai, ao mesmo tempo que um filme se projeta no vácuo das paredes, nos músculos de um coração qualquer. O caminho termina, na beira, ou quem sabe começa!

Resta crer no propósito das mensagens, para uns de um jeito, para outros de outro. O sentido desta li ao voltar ao computador quando me conectei novamente, após aquele encontro ridículo, sem sucesso. Ao abrir minha caixa leio a mensagem do Anjo: "Não vale a pena quando ainda há quem sofra sua falta!". A televisão ligada gritava sobre alguém que tinha se jogado do vigésimo andar de um edifício muito rico, e que inexplicavelmente teria voado e sumido!

Juliano Hollivier

Thursday, August 04, 2005

Dúvida

Por tantas sensações pensei crer na correspondência ao meu amor.
Quase nunca pelas palavras ditas nem pelas brigas, malditas.
Mas sim por algumas sessões de extrema alegria, de extrema entrega e de muito carinho.
Também por outros indícios de saudades, de sentir minha falta, a sensação de perda talvez ou arrependimento.
Por tantas sensações assim pensei crer no seu retorno.
Hoje e já há algum tempo o que atormenta é a dúvida e a dificuldade da aceitação.
Dúvida sobre a intermitência desses indícios, sobre a reação que terei ou se terei quando me procurares, dúvida sobre este "procurar-me".
Aceitação de um "não sinto nada por você" ou de outro "isso não é amor, é obsessão",
Dificuldade em aceitar que não ama, que não quer, que não espera, que não deseja, que não mais beija, que não mais tolera.
Aceitar o NÃO, o N Ã O, o N Ã O.
Ainda que pareça uma atitude infantil, mimada, e ciente de que querer é diferente de ser ou ter, hoje o maior sofrimento é não ter aquilo que mais desejei desde o começo: PAZ.
E esta falta de paz vem da falta de uma constância da felicidade, da falta deste amor pra corresponder, da falta do carinho que agora mais preciso.
Hoje alguém vai embora, hoje alguém foi embora.
"Será se" já não terá indo antes?

Juh

Thursday, June 09, 2005

MOMENTOSETRANSFORMEMFASESETRANSFORM EMVIDA!

" - Me sinto feliz agora!". Os dias se passaram de uma maneira arrastada e tudo ia mal. Uma lembrança puxava outra e o sofrimento não era mais subjetivo, ele se refletia fisicamente nas ações, na aparência, na respiração! Conversa vai, conversa vem, os amigos e pessoas queridas usavam de técnicas que todos usamos quando o que arde é olho do outro. E, claro, nada amenizava o desasossego de alguém que nunca se acostuma ao rompimento. Eram pedidos por sabedoria que surgiam de dia, surgiam de tarde, surgiam de noite. Sabedoria para não sentir tanto a falta, para não cometer qualquer loucura que passa em todas as mentes perturbadas pelo desespero. E Ele talvez pusesse à prova sua ajuda, pois conversa vai, conversa vem, um chegava a desacreditar o Outro. A esperança existia, claro, e com ela seguiu pelos dias arrastados e tudo não pareceu tão mal. O pedido estava sendo atendido, porém sem que se desse conta. Aceitou, e ainda faz muito esforço pra isso, a maneira do outro, o jeito do outro, a individualidade do outro, a crença do outro, a criação do outro, os erros do outro, o amor do outro. Enxergou, e provavelmente fará muito esforço para manter isso, as fraquezas de si mesmo, as dificuldades de si mesmo, os defeitos de si mesmo, o respeito em si mesmo, a individualidade em si mesmo, o amor em si mesmo. Esse ganho refletiu aos olhos do outro, que escolheu um caminho senão junto, ao menos paralelo àquele que lhe dedica. Um caminho visivelmente difícil, assim como são todos os que se baseiam na integridade, porém um caminho momentâneo que pode render bons frutos, render crescimento, render felicidade. Percebe-se que a bênção Divina, pedida de dia, pedida de tarde, pedida de noite, é um presente vivo e de mão única (é impossível ignorar o que se aprende); e também que é um presente menino, bebê, joven demais, porém irá crescer, essa sabedoria irá se desenvolver à medida que outros momentos felizes subsequentes aos infelizes forem preenchendo sua vida. E tão somente por isso pode dizer ao pivô de sua paz momentânea o quanto é importante, o quanto é necessário, o quanto é indispensável para que momentos se transformem em fases que se transformem em histórias que se transformem em uma Vida Feliz. Então, numa noite pouco fria, acomodando-se sob as cobertas: " – Como me sinto feliz agora!".

Juh

Wednesday, April 06, 2005

Rejeição

Um olho no outro,
um sorriso fulminante,
uma paixão previsível
para alguém que de amor se depende.

O ciclo se vicia na droga carinho,
o pico envieza no susto do outro, no espanto.
A não correspondência da paixão conduz à abstinência
até que de um sorriso ao penhasco há o pulo,
O salto pra rejeição, pra sensação do fracasso.

Um outro olho em outro,
desta vez iluminado com um toque de prata, diferente.
Outra paixão que alucina, a química,
um coração que desta química se depende.

A droga segue pelas veias,
sucede o prazer, o efeito, o baque.
Perde-se o controle e excede-se o carinho
que cobra retorno, que pressiona o outro,
que espera avidamente tudo em troca,
na mesma intensidade, na mesma proporção.

O erro sentencia mais um pico,
conduz a mais um fim também previsível
para alguém que de amor de depende, se vicia,
de carinho se injeta, e de expectativas se destrói.

O mesmo outro não corresponde
à droga chamada amor,
pois de vícios a vida é repleta
e das drogas o amor supera.

Outra rejeição ao rejeito
outra sensação de fracasso,
muita dor da abstinência, da saudade, da falsa esperança,
Falta de cuidado, quem sabe, mas um coração viciado.

O mesmo coração fracassado,
o mesmo olho cansado, doído.
Mais um ' - não era pra ser!' que corrói.
O mesmo gato que sai de fininho,
O próprio Gato, que marcou fundo com seu pulo.

Nem sei se sigo cansado, nem sei se sigo!

Juh

Monday, January 24, 2005

Tudo começa quando o ar parece faltar nos pulmões,
você inspira até não ter forças pra descolar o peito das costas
e ainda assim não é suficiente para arejar a mente,
que se assemelha a um caleidoscópio pelas imagens e dúvidas que surgem.

O gás se expira pela boca e os olhos se voltam para dentro
afim de tentar enxergar o motivo daquela auto-compaixão toda.
E o que se vê é um medo terrível, um medo inexplicável,
que tinge de negro tudo o que tem luz e o que tem vida.

Mais uma vez o ar parece não querer passar pelo caminho
que o leva ao desconhecido, ao poço de por quês.
E então liga-se uma música, não para suprir uma falta ou distrair o caos,
mas sim para aumentar a dor, para musicar a pena de si mesmo.

Caminha-se até a janela e tudo é sincronizado, como numa marcha.
Observa-se pessoas à janelas voltadas para si, a observarem sua solidão.
E quando então explode de dentro um choro que tem em si uma água estranha,
um espelho d´água que mostra o quanto dá medo estar só.

O que é o medo da solidão? É não poder dividir o ar que às vezes falta?
É não ter por quem esperar de noite ou se preocupar na ausência?
Talvez seja o próprio desespero batendo à sua porta, sem pedir pra entrar.
Talvez seja a lembrança da falta que faz alguém pra te amar.

A música incidental dá movimento às cenas,
suspende no ar rarefeito todas as suas incapacidades, todos os seus pontos fracos;
Parece que as janelas lá fora engolem sua sede de companhia
e usa sua incapacidade de ficar sozinho como luzes que se espalham pela cidade afora.

E o medo cede lugar apenas ao conformismo que tenta insistentemente tomar conta,
Mas como o coração não é palco rígido, então amolece e adormece.
O choro se transforma em papéis intermináveis umidecidos de corisa
e a cena quase brega digna de risos frios se acaba com um sono mal dormido.

É o confronto entre razão e emoção, onde o medo da solidão é tão abstrato quanto a merda que deixamos todos os dias num vaso sanitário qualquer!

Juliano Hollivier

Tuesday, January 11, 2005

Pulo do Gato

Quando eu digo que a imersão é foda, boa e dá prazer,
não é ao vento que jogo as palavras, e sim ao borro de um carimbo
chamado poema, pra que se registre o gozo gostoso da felicidade
e sirva de ilustração àqueles que sentem sede de viver.

Eis que a mancha voltava a aparecer
na paleta de cores que dá forma à vida,
quando o bufão da sorte trouxe um outro presente,
que deu nuance mais uma vez à mistura em prazer.

Falo de uma noite planejada e valiosa,
vivida na intensa alegria da novidade, da oportunidade que é nova,
e chama a atenção até do sépio sentimento escondido,
Beijo bom, beijo tempo, beijo horas, muitas horas, beijo o beijo.

Falo de algumas outras noites e também dias
pincelados de tesão e admiração, de encontro consigo mesmo,
sombreados com duas entregas de flores mais o gosto do abraço.
Que abraço, braço que te abraça, gato muito Gato.

Falo de um brilho, de uma certa prata que valoriza o olhar,
que tomou toda a minha calma e fez recíproca minha prova.
De um ponto iluminado sobre a sobrancelha que emoldura o olho gato.
Gato, muito gato, que olha no olho lindo pra se apaixonar.

Falo de uma pinta que brinca aos beijos na ponta do olfato.
De um medo sim, por perder talvez tudo aquilo que ainda nem era nosso.
De uma febre velada e curada pela companhia doce e carinhosa
que sem preocupações sobre o depois galgava alí apenas meu bem-estar.

Eis que a vida tinge outra possibilidade e eu,
que não sou tolo em não aproveitá-la trato de pintar mais um quadro,
com o Gato em tema exposto, e levo-o junto a mim rumo à tentativa de felicidade.
Bem-sucedida a viagem que só fez aumentar o tesão da alegria.

Em telas e mais telas, folhas e carimbos
poemas vão dando forma à busca de mim mesmo,
e esse gato, tema exposto neste quadro, muito Gato
parece estar prestes a dar seu pulo.

Será o pulo do Gato?

Juliano Hollivier