Thursday, August 06, 2009

Superabundância

O que nos faz beirar a insanidade?
Busco há algum tempo a manutenção de uma existência baseada no que amo fazer,
subsidiada pela profissão das artes cênicas e alimentada quase unicamente pelo que me faz feliz.
Mas ainda não me sinto feliz, ou quase totalmente feliz.

Será realmente impossível sentir-se plenamente assim?
Satisfeito no ofício artístico e sempre buscando mais desafios, mais reconhecimento.
Amizades saudáveis e sinceras, família cheia de amor e perfeita.
E ainda assim a sensação da ausência, da falta de "algo", de solidão.

Poderia mesmo ser a inexistência da minha metade, do que falta em mim?
A metade que pede sempre sua complementação,
A dúvida que só se cala no peito de um amor perfeito.
E perfeito não significa sem defeitos mas simplesmente existente.

E questões necessitam sempre de respostas?
Impulsionam nossas buscas, sei, mas também causam inquietação.
Machucam, me anestesiam após a dor e passam.
Quando então geram o ócio, o vazio.
E é este vazio o grande problema, o passo para a loucura, para o recomeço.

E o que é para mim insensatez ou actoirreflectido?
Se apaixonar por alguém e sofrer muito não usufruindo da paixão;
Permitir-se sonhar acordado pela evolução ao amor;
Esperar ligações telefônicas, contatos inusitados,
aguardar flores, um presente, um elogio,
buscar imprudentemente scraps, depoimentos escondidos,
fuçar como numa alienação mental as fotos, os recados numa página de web pessoal qualquer.

A busca pelo amor romântico nos deixa insanos.
Mas quero continuar achando possível a plenitude da felicidade,
na metade que me falta e se encontra no outro.
Por que sim, a mim todas as questões se formulam nas respostas.
E o que pra mim é extravagância pode ao menos se tornar sereno quando o tempo passar.

Juliano Hollivier - São Paulo

3 comments:

Anonymous said...

Parabéns pelo blog. Queria dizer que a felicidade baseia-se na amizade e, principalmente, em viver. Essa confiança vem da vida interior, de tudo que a alma precisa.

Anonymous said...
This comment has been removed by the author.
Juliano Hollivier said...

Obrigado Ingrid, pelo elogio e frase tão verdadeira e bela. Que bom que gostou dos textos. Nos vemos por aqui.