Saturday, November 25, 2006

Teatro Amador

Uma personagem qualquer que andava por ai agora se esbarra no erro e cai. Sofria por amor, cansaco, frustacoes. Quando entao as cenas mudam, o cenario muda, a lingua muda, tudo muda e por estrategia de um outro diretor qualquer acontece um giro de 360 graus com intencao de transformar o sofrimento, inverter o rumo de uma vida sem rumo que fugia do controle.

Trocas de figurinos, trocas de objetos cenicos, trocas de luzes e atmosfera. Porem a personagem ainda e a mesma, com toda a genesi e impressoes. O diretor dizia que era uma chance unica, no mesmo espaco cenico cabiam o acerto e o erro. Bastava um passo em direcao a um deles. Entao, o erro! Uma personagem qualquer que andava por ai, dirigida por um diretor pouco experiente talvez, se esbarra no erro e cai.

Experimenta a incerteza do desconhecido, da mudanca, viaja por lugares diversos, conhece outras personagens que contribuem para a constatacao do tombo. Quebra a cara, sente o baque da decepcao. A cena agora e vazia de elementos, nao ha cenario e sim um pano preto e riscos de giz ao chao que demarcam limites, nao ha trabalho, dinheiro, nao ha pessoa amada, nao ha nada que nao seja caos.

O tecido preto e sujo de desespero, de vergonha, as luzes iluminam a sensacao de perda: azul para arrependimento, ambar para a dificuldade e para o ocio, o vermelho ofusca o amor queimando seu corpo e sob a incandescente luz branca, silencio, nada, falta de rumo. Estao personagem e diretor agora na boca de cena. A atmosfera e essa ja descrita, ao fundo uma musica triste qualquer toca as maos em riste e o monologo e lentamente sobreposto por uma cortina densa. Nao ha aplausos, nao ha vaias, nao ha nada alem do fosso.

Atras daquela cortina, agora vendo da plateia, ainda estao imoveis personagem e diretor com a certeza do erro, sem saber como repara-lo. Sou personagem e diretor, vivo o monologo de uma vida so num teatro amador qualquer por ai.


Juliano Hollivier
Sharm El Sheik - Egypt

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