Friday, December 03, 2010

Anjo de Fardas


Honra, Nação, Evolução.
Fome e desespero aflige os coitados
num Haiti conflitado pela ocupação,
e ostentado pelo título de pobreza.

Do lado de cá civis não tão comuns
se doam para ajudar numa missão,
de paz, de busca, de realização.

Deixam casa, conforto, familia,
como todos em guerra,
protegidos e justificados em seu posto
como se o trabalho justificasse o risco
e não influenciasse a escolha.

Meu desinteresse, até então na questão.
Quando conheço um destes operários da ordem
e vejo o quanto ou mais humano pode ser
o ofício, a mim desconhecido, deste anjo guardião.

Acompanho sua dor, sua solidão,
vejo daqui do computador seu terror,
sinto em mim a saudade que sente em si,
como se segurasse minha mão
e pedisse apoio, pedisse zêlo, pedisse amor.

Amor aos homens, mulheres e crianças
que lá vê morrerem, que lá vê sofrerem,
Amor aos próximos que pedem por socorro,
por clemência, por alianças,
e por um ato que seja de conforto.

Converso com o anjo de fardas
e descubro a cada minuto de bate-papo
cada vez um pouco mais de humanidade,
de solidariedade, de conquista de evolução.

O vi chorar pela mãe e pelo irmão menor,
pedindo a Deus que os Deixasse bem,
Até quando me deu a notícia maior
que me fez descrer no horror
e compreender a grandeza de seu ato.

Condecorado foi c´uma medalha,
reconhecido pela maior organização do mundo
como uma pessoa de glória, de luz, de muito valor.

A ONU reconhece o herói 
num brasileiro íntegro, corajoso e bravo,
de apenas 24 anos de idade
porém com séculos de luz e hombridade.

Meu amigo é este herói
como todos somos nós  sempre,
porém com tanto merecimento do mundo
que jamais poderá ser comparado.
Por que ninguém jamais se doou tão fundo.

Sou fã, admirador e zelador
de sua alegria, de seu bem-estar, de suas conquistas.
Sou companheiro e parceiro nas lutas que fizer
em busca de algo sempre maior,
doando-lhe meu ombro, meus ouvidos e minhas mãos.

Hoje ví seu sorriso orgulhoso
posando ao lado da medalha.
A alegria e a transparência nele
me deixou assim, de joelhos
diante de tanta comoção, de tanta visualização
do quanto somos aqui pequenos,
e sois aí imenso servindo a Deus
numa fronteira do caos grandioso
que só origina a paz e a ordem 
atravez de heróis como você. 

Juliano Hollivier - Sao Paulo

Homenagem a Élcio Queiroz, enviado brasileiro à Missão de Paz da ONU no Haiti.

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