Muito falamos sobre voos e asas, muito dissemos sobre ventos
e brisas.
Muito mostramos os trajetos traçados, as calçadas
sobrevoadas.
Porém o que é voar? Como é estar em um céu perfeito cujas
imagens vistas de cima se recriam aqui em baixo, sob nossos traços?
Voar pra mim é percorrer a pé todo caminho ao seu lado, é
desbravarmos juntos cada légua trilhada.
Voar pra mim é suar com seus olhos e mãos, dedos e boca.
É desvendar todos os percursos deste mapa chamado corpo.
Voar pra mim é falar ao vento o quanto lhe compreendo, o
quanto enxergo e o quanto lhe respeito.
É presentear o mundo com poemas e paixões que me inspirem, é
perder, recuperar, cair e amar.
Voar pra mim é desejar sempre, enfrentar sempre, aceitar
sempre para poder com humildade distribuir serenidade.
Voar é despir as mentiras, é brindar novas conquistas.
É sentir o vento na cara quando a multidão se levanta
aplaudindo suas mudanças.
Voar é deitar ao seu lado para olhar o céu repleto de
pássaros voando.
Voar é junto a ti desenhar o mundo melhor, o mundo refeito,
o mundo perfeito.
Voar é morrer e nascer, respirando a arte que teus sonhos
fabrica.
É tentar sempre o melhor, é buscar todo azul de todo mar de
tua essência.
Voar é vê-lo rir, é vê-lo chorar, é vê-lo crescer com cada
verso desenhado.
Voar é estar completamente inteiro à disposição do amor ao
outro, às coisas e seres.
Ainda que se fale demais, ainda que se veja de menos e ainda
que se caia no esquecimento,
Voar é amar! Com todas as letras e repetições necessárias,
voar é amar! Amar!
(Juliano Hollivier - da série METAMORPHOSIS - Corpo em Transformações)
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