Monday, November 08, 2010

Tesouras Arradas


Tem coisas que realmente não podemos fazer nada,
Não que realmente nada há o que fazer com essas coisas,
mas é que parecem ser de uma providência Divina
para pôr nós homens em nossos devidos lugares

Coisas como paixões atribuladas,
como insucessos rasgados,
como o fascínio pelo belo que não pode ser seu,
coisas como tesouras amarradas.

No sobe e desce dessa vida
cruzo mais uma vez com o homem
o ser humano mais humano
que pode vestir minha felicidade completa.

Ele tem estilo, tem beleza,
ele tem amor, ele tem valor,
nele há brilho, nele há sucesso, força repleta.
Dele sai encanto e a ele Deus presenteou seu manto
tecido à mão por anjos estilistas como ele.

Passou comigo algumas poucas noites e alguns poucos dias
costurando a trama de um sonho prestes a se realizar,
bordando os beijos, cerzindo os flertes,
recortando as vontades e modelando sua bondade
num molde de felicidade que desestruturou meus anseios.
Pois estava eu num momento "fechado pra balanço".
Rindo e desfrutando daquele devaneio
me pego apaixonado e compartilho meu estado.

Então depois da verdade positiva desvelada,
na sinceridade da paixão que poderia sim evoluir
no amor pré-estabelecido como que numa outra vida,
nos encontros de coisas parecidas entre dois sagitários,
devo ter despertado seus horrores e seus medos,
seus ex-amores e derrotas,
conflitos ainda não resolvidos
ou desenhos ainda não desenhados.

Pois a um passo da entrega de si,
da consumação de um fato,
da prova final de um vestido premiado,
ele fechou os buracos, puxou os zíperes,
costurou as entradas, apertou as amarras,
abotoou os botões e tampou as casas por onde eu pudesse entrar.

Não era ilusão a correspondência que senti,
vi em seus olhos, peguei em sua mão que tremia quando me abraçava
e percebi seu tom quando me disse que o resgatava
da descrença no amor.

Eu dizia ele fazia,
eu me expressava com palavras ele se expressava com ações.
Eu pensava, ele agia.
Numa noite juntos dormida
descobriu-se a coincidência até das pernas descobertas.

Não, definitivamente não estou ficando louco, ainda.
Então o que foi tudo aquilo?
Tudo isso o que é?
Por que é que o medo tem de prevalecer?
Por que é que as fases também não podem se coincidir?

Sinto como se tivesse experimentado o melhor casaco,
o mais caro terno, a mais bela gravata e
sem mais nem menos acordasse novamente nú
na escola de um sonho de criança.

Quero apenas uma chance de provar
o quanto posso, o quanto quero, o quanto creio,
compartilhar a conquista de uma felicidade alinhavada juntos,
de um sucesso sobreposto pela coragem,
não só pelo tesão de seu corpo
mas primordialmente pelo tesão de sua alma.

Quero apenas uma chance para conquistar seu olhar
que é todo azul do mar...
e fazer se apaixonar por alguém que já se apaixonou,
alguém que já sabe amar.
Peço que desamarre as tesouras para que então
possamos tecer juntos a roupa da vitória.

Juliano Hollivier - Sao Paulo

2 comments:

Juliano Hollivier said...
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Juliano Hollivier said...

Ouse amar alguém, ou se apaixonar e verá o que estou falando quando escrevo em versos o que sinto, o que penso! Já teve aqueles sonhos de criança, que sempre voltam todas as noites? uns onde aparece nú ou de cuecas na escola ou então quando alguém tenta te pegar e você não consegue correr por que está preso ao chão. Sensação é horrível! Ousadia, crença ou doença, não sei, mas leia "Tesouras Amarradas", talvez o(a) ajude a se preparar para as 'pregas' das vida. Novo texto em meu Blog. www.julianohollivier.blogspot.com